Enio Fonseca
Atualmente, mais de 87% dos fertilizantes usados pela agricultura brasileira são importados. A meta do atual governo é chegar até 2050 com uma produção nacional capaz de atender de 45% a 50% da demanda interna, o que garantiria segurança na produção, além de criar oportunidades e empregos para a população brasileira.
No último dia 13 de março de 24 aconteceu a inauguração do complexo de fosfatados da multinacional EuroChem em Serra do Salitre (MG). Trata-se da 1ª unidade construída desde o lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, em 2022.
AGRO: O PAPEL DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO NAS NOVAS RELAÇÕES ECONÔMICAS MUNDIAL (transição energética)
A empresa EuroChem investiu cerca de US$ 1 bilhão no complexo de Serra do Salitre. O complexo inclui uma mina de fosfato, fábricas de insumos e unidade misturadora com capacidade de produção de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano, aumentando em 15% a produção de fertilizantes fosfatados quando estiver em operação plena, estando voltada 100% para o atendimento do mercado brasileiro.
O projeto de mineração foi comprado em 2021 por US$ 450 milhões da norueguesa Yara Fertilizantes. A obra foi retomada em julho de 2022 pela EuroChem, que investiu cerca de US$ 500 milhões para concluir o empreendimento.
A rocha fosfática da Serra do Salitre tem teor de fosfato de aproximadamente 4%. Depois da extração, a rocha passa por processo de beneficiamento em que é produzido um concentrado que tem 33% de fosfato.
Além do beneficiamento da rocha, o complexo conta com fábricas de ácido sulfúrico e fosfórico, que serão adicionados ao concentrado na unidade de mistura. Durante a fase de construção, 3.000 pessoas trabalharam na obra. Depois que entrar em operação, o complexo deve empregar 1.000 trabalhadores diretos e criar outras 300 vagas indiretas.
A incorporação dos cerrados ao processo produtivo agrário no Brasil, contou com o impulso do ex ministro Alysson Paolinelli, patrono da Academia Latino Americana do Agronegócio- ALAGRO, quando, na ocasião, juntamente com outros profissionais, investiu no conhecimento e na gestão dos órgãos de pesquisa, para criar padrões de adubação destes solos, que contribuem para a liderança brasileira na produção de alimento.
Os adubos fosfatados são essenciais ao crescimento das plantas, assim como os nitrogenados e os potássicos.
No momento da inauguração o ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também Vice Presidente da República destacou uma outra contribuição do setor mineral que é o investimento em maior oferta de gás natural, o que vai permitir o aumento dos fertilizantes nitrogenados, que se encontram na atmosfera e para serem transformados em amônia precisam do gás natural.
Ele destacou os projetos: Rota 3 – gasoduto com 355 km de extensão total que escoará o gás natural produzido pela Petrobras na pré-sal da Bacia de Santos até o Polo Gaslub (antigo Comperj) em Itaboraí (RJ), e que entrará em operação no final de 2024, com capacidade para 18 MMm³/dia, Seap (Projeto Sergipe Águas Profundas) – produção pela Petrobras em campos de gás localizados na Bacia de Sergipe-Alagoas e construção de gasoduto para escoar a produção, e que entrará em operação em 2028, com capacidade para 16 MMm³/dia, e o Projeto Raia (Bloco BM-C-33) – projeto operado pela Equinor para produção e escoamento de gás da Bacia de Campos para o Polo GasLub e a usina de Cabiúnas. Entrará em operação em 2029, com capacidade para 18 MMm³/dia.
Outra notícia importante e que na modernização do Porto de Santos podemos ter um novo terminal voltado para a movimentação de fertilizantes a partir de 2027, conforme pontuou, no último dia 11 de março de 24, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que, detalhou na ocasião, o plano de investimentos para os próximos 5 anos para este modal.
Já existe um terminal de fertilizantes ao lado do setor denominado Concais , no Porto, e isso facilitaria a instalação de um empreendimento voltado para essa operação, uma vez que existe uma demanda reprimida no porto para movimentação dessa carga para abastecer o agronegócio. O Brasil é um dos maiores consumidores de fertilizantes do mundo, mas é altamente dependente do mercado externo para abastecer suas necessidades.
Os fertilizantes minerais são essenciais para se garantir a liderança brasileira na produção de alimentos.
Enio Fonseca
CEO da Pack of Wolves Assessoria Socioambiental, foi Superintendente do Ibama, Conselheiro do Copam MG, Superintendente de Gestão Ambiental do Grupo Cemig, Gestor de sustentabilidade da Associação Mineradores de Ferro do Brasil (AMF). Membro da ALAGRO (Academia Latinoamericana do Agronegocio). Profissional Senior em Gestao Ambiental, membro do Conselho Editorial e colunista do Canal Synergia.