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Lítio avança no Brasil e ajuda a transição energética. MG lidera iniciativas (por Enio Fonseca)

Comissao desenvolvimento Economico ALEMG
foto Comunicacao Alemg

Enio Fonseca

A exploração do lítio no Vale do Jequitinhonha foi tema de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG, que aconteceu no dia 11/06/24.

A finalidade da audiência pública foi debater a exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha, a criação de um distrito industrial e a demanda específica de crédito e outros incentivos para o desenvolvimento econômico e social na região.

O Vale do Jequitinhonha sempre conviveu com a dicotomia entre suas riquezas naturais e a vulnerabilidade social da população local. Polo da extração de lítio, com a maior mina do Brasil na cidade de Araçuaí, a região vislumbra no fortalecimento da cadeia do mineral a mais nova oportunidade para reverter essa contradição histórica.

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O lítio é considerado essencial para a transição energética porque é matéria-prima de baterias para veículos elétricos (além de celulares e computadores) e para a cadeia de geração de energias renováveis. Cerca de 90% do lítio vêm de 3 países: China, Austrália e Chile.

Segundo dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), os recursos e reservas brasileiras alcançam um total de 1 milhão de toneladas, posicionando o Brasil como a 7ª maior reserva mundial. O Brasil é o 5º maior produtor mundial e, em 2022, produziu 2.200 toneladas.

De 2022 para 2023, os pedidos de mineração envolvendo lítio quadruplicaram, segundo a ANM (Agência Nacional de Mineração).

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De acordo com estimativas do Banco Mundial, a demanda global pelo minério deve aumentar quase 1.000% até 2050. Por ser um metal leve, tem um alto potencial eletroquímico e uma boa relação entre peso e capacidade energética.

No Brasil, as ocorrências de lítio estão associadas às rochas pegmatiticas localizadas nos estados de Minas Gerais. Ceará, Rio Grande do Norte e Paraiba. Os principars minerais pegmatiticos são a ambligonita, o espoduménia, a petalita e a lepidolita

O segmento de exploração do lítio tem várias empresas já em produção como a Sigma Lithium, AMG, Companhia Brasileira de Lítio, e outras em fase de pesquisa como a  Oceana Lithium e  Lithium do Brasil SA.

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O governador do estado, Romeu Zema (Novo), lançou, em maio de 2023, em Nasdaq, bolsa de valores de Nova Iorque, o projeto “Lithium Valley Brazil”, que pretende transformar o Norte e Nordeste de Minas Gerais em reduto de exploração do lítio ao atrair para os Vales do Jequitinhonha e Mucuri empresas de capital internacional.

Durante a Audiência Pública,  lideranças políticas do Município de Divisa Alegre, que abriga há mais de três décadas a Companhia Brasileira de Lítio (CBL), compareceram em peso à audiência e destacaram a importância do projeto de criação de um distrito industrial para atrair e receber novos investimentos.

Segundo o prefeito de Divisa Alegre, Ademir Alves, o projeto para o distrito tem o custo de aproximadamente R$ 3 milhões. “Estamos geograficamente bem localizados, às margens da BR-116, a 110 km do aeroporto internacional de Vitória da Conquista e 360 km para o Porto de Ilhéus, ambos na Bahia. Esse distrito que já nasce com a Companhia Brasileira de Lítio, uma empresa 100% nacional, há mais de 50 anos, na nossa cidade e que tem contribuído muito ao nosso município. E os desafios que enfrentamos serão vencidos com muito trabalho, parcerias com o governo estadual e federal, assim como essa Casa Legislativa. É uma oportunidade histórica para transformar nossa cidade”.

A favor do novo distrito, o deputado Professor Wendel Mesquita (Solidariedade) salientou o enorme potencial da cadeia do lítio para o desenvolvimento de polos industriais. Junto à chegada de novas empresas, os municípios do entorno também ganham, com o aproveitamento da mão de obra local e a movimentação da economia.

O subsecretário de Estado de Liberdade Econômica e Empreendedorismo, Rodrigo Melo, concordou. “Esse desenvolvimento não se dará somente em uma área, em um setor, em uma atividade econômica. Pode ter até uma que é prioridade, que é aquela que puxa o primeiro vagão do pioneirismo, mas não acontece sozinho. Assim como a equipe do Estado, empresários e investidores também estão indo lá. E isso obriga que a região esteja pronta para receber os novos visitantes e o desenvolvimento que está chegando”.

“As pessoas não vão lá apenas em busca do lítio, mas também na expectativa de encontrar um bom hotel ou restaurante. Aqueles que terão que se mudar para a cidade por obrigação do trabalho, vão precisar acessar supermercado, salão de beleza e uma rede de comércio fortalecida. Isto é o desenvolvimento efetivo que nós imaginamos, desenhamos e queremos que aconteça de fato na região”, concluiu.

Expectativa compartilhada pela prefeita de José Gonçalves de Minas, Maria Gomes, que aguarda novas oportunidades também para o município vizinho. “É um momento de grande expectativa para todos no desenvolvimento econômico do nosso Estado. Me preocupo porque nem todos do Vale do Jequitinhonha, talvez, terão o Lítio, mas que não deixe os outros municípios sem oportunidades também.

 

 

Enio Fonseca

CEO da Pack of Wolves Assessoria Socioambiental, foi Superintendente do Ibama, Conselheiro do Copam MG, Superintendente de Gestão Ambiental do Grupo Cemig, Gestor de sustentabilidade da Associação Mineradores de Ferro do Brasil (AMF). Membro da ALAGRO.Profissional Senior em Gestao Ambiental, membro do Conselho Editorial e colunista do Canal Synergia.

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