Plataforma de petróleo em operação na Bacia de Santos — Foto: Márcia Foletto
Na quarta-feira, serão ofertados aos investidores quase 610 áreas em ´lista que inclui pré-sal e novas fronteiras exploratórias em áreas sensíveis do ponto de vista ambiental
Foram habilitadas empresas como BP, Chevron, Petronas, Qatar Energy, Shell e TotalEnergies. A Petrobras não manifestou interesse.
Blocos em terra
Além do pré-sal, a ANP fará ainda o 4º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão, com 602 blocos nas bacias do Amazonas (em terra), Espírito Santo (em terra), Paraná (em terra), Pelotas (Santa Catarina e Rio Grande do Sul, em mar), Potiguar (Rio Grande do Norte e Ceará, em terra), Recôncaco (na Bahia, em terra), Santos (mar), Sergipe-Alagoas (em terra) e Tucano (Bahia, em terra).
Ao todo, 21 empresas manifestaram interesse em participar dessas áreas, que já foram oferecidas em leilões anteriores ou já estiveram sob concessão e foram devolvidas.
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‘Está acontecendo uma liquidação’
Apesar do interesse das petroleiras, o certame, que acontece no Rio de Janeiro, é alvo de ao menos de oito ações civis públicas. O Instituto Internacional Arayara já ingressou com ações em diversas regiões do país para impedir a oferta de blocos no Amazonas, no Paraná, em Sergipe-Alagoas e Potiguar, além das unidades de conservação perto de Fernando de Noronha e Abrolhos.
Nesta semana, o Instituto Internacional Arayara entrou com novas ações com a Coordenação Nacional da Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil para bloquear a oferta próximas a áreas sensíveis.
ANP diz que oferta é influenciada por interesse
Segundo a ANP, na Oferta Permanente de Concessão foram incluídos os setores que tiveram pelo menos um bloco com declaração de interesse de uma ou mais empresas. Assim, independentemente de quantos blocos receberem essa declaração, é incluído todo esse setor. Além disso, as 21 empresas habilitadas para participar só serão conhecidas no momento da apresentação das ofertas.
Marcus D´Elia, sócio da Leggio Consultoria, especializada em petróleo, gás e energia renovável, explica que o leilão de campos de extração de petróleo e gás realizado pela ANP faz parte da estratégia de Oferta Permanente, um mecanismo já utilizado pela agência desde 2019.
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— A novidade nesta rodada é a grande quantidade de blocos sendo ofertados no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na Bacia de Pelotas, ainda pouco explorada. Há ainda áreas na Bacia de Santos e blocos em terra em outros cinco estados. Por outro lado, aparecem também campos com risco ambiental, como blocos no Amazonas e na região de Fernando de Noronha — lista D´Elia.
ONG aponta ‘contradição’ brasileira
Para o Greenpeace, o leilão confirma uma contradição do governo federal ao disponibilizar “o maior número de blocos de petróleo de toda história do país, num momento em que o mundo busca por soluções para garantir a descarbonização da economia global”.
A ONG cita a preocupação com a exploração em áreas sensíveis próximas à Fernando de Noronha e Atol das Rocas, localizados na Bacia Potiguar, e outros 21 blocos na Bacia do Amazonas.
— Não poderia haver contrassenso maior que a realização deste leilão um dia após o término da COP-28, onde as nações buscam por caminhos para enfrentar o colapso climático. O incentivo à exploração e produção de petróleo no Brasil distancia cada vez mais o discurso do presidente Lula das ações concretas para uma política energética voltada para o futuro — diz Enrico Marone, porta-voz do Greenpeace Brasil.